segunda-feira, 30 de setembro de 2013

"Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente. É um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer."






Admiro o amor que dura através do tempo. 
A aparência é acompanhada passo a passo e mesmo com o rosto enrugado de tantos sorrisos que deram na vida, a beleza dos dois transparece desde a alma, até o sorriso. 
Certa vez, um casal de velhinhos passaram por mim, e até o passo deles era sincronizado. 
Consegui enxergar toda a vida dos dois somente com um breve olhar que a senhora me deu. 
Pude ver que o amor deles suportou á muitas lutas e dificuldades mas que a alegria que sentiam ao lado do outro é tão grande á ponto deles enfrentarem todas as lutas sorrindo, imaginando um futuro maravilhoso para os dois. 
O senhor exalava um perfume de eucalipto e a senhora exibia com glamour os seus cabelos grisalhos. 
Contemplei um beijo que ele deu na testa dela e junto com o sorriso que a senhora deu, eu também sorri. 
Voltei para casa com os pensamentos naquele casal. 
Eu vi com os meus próprios olhos, um amor que durará a eternidade. 
Nesse mundo onde as pessoas tratam o amor com desdém, eu encontrei um casal que me inspirou e de alguma forma me dizia essas palavras:
”Vai. Se entrega ao amor. Vale a pena!”. 
Eu sempre soube que valia a pena. 
Mas assim como todos acreditam que todos os planetas existem mesmo sem nunca ter saído da Terra, eu acredito que o amor é eterno, mesmo não tendo vivido a eternidade. 
Aquele casal diz ao mundo inteiro, que sim! 
O amor é eterno, se você estiver disposto a cada dia lutar por ele e dedicar todo cuidado que ele merece.
quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Recomeçar... Recomeçar... Recomeçar...



Não importa onde você parou,
em que momento da vida você cansou,
o que importa é que sempre é possível
e necessário "Recomeçar".

Recomeçar é dar uma nova
chance a si mesmo.
É renovar as esperanças na vida
e o mais importante:
acreditar em você de novo.

Sofreu muito nesse período?
Foi aprendizado.

Chorou muito?
Foi limpeza da alma.

Ficou com raiva das pessoas?
Foi para perdoá-las um dia.

Sentiu-se só por diversas vezes?
É por que fechaste a porta até para os outros.

Acreditou que tudo estava perdido?
Era o início da tua melhora.

Pois é!
Agora é hora de iniciar,
de pensar na luz,
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.

Que tal um novo emprego?
Uma nova profissão?
Um corte de cabelo arrojado, diferente?
Um novo curso,
ou aquele velho desejo de aprender a pintar,
desenhar,
dominar o computador,
ou qualquer outra coisa?

Olha quanto desafio.
Quanta coisa nova nesse mundão
de meu Deus te esperando.

Tá se sentindo sozinho?
Besteira!
Tem tanta gente que você afastou
com o seu "período de isolamento",
tem tanta gente esperando apenas um
sorriso teu para "chegar" perto de você.

Quando nos trancamos na tristeza nem
nós mesmos nos suportamos.
Ficamos horríveis.
O mau humor vai comendo nosso fígado,
até a boca ficar amarga.

Recomeçar!
Hoje é um bom dia para começar
novos desafios.

Onde você quer chegar?
Ir alto.
Sonhe alto,
queira o melhor do melhor,
queira coisas boas para a vida.
pensamentos assim trazem para nós
aquilo que desejamos.

Se pensarmos pequeno,
coisas pequenas teremos.

Já se desejarmos fortemente o melhor
e principalmente lutarmos pelo melhor,
o melhor vai se instalar na nossa vida.

E é hoje o dia da Faxina Mental.

Joga fora tudo que te prende ao passado,
ao mundinho de coisas tristes,
fotos,
peças de roupa,
papel de bala,
ingressos de cinema,
bilhetes de viagens,
e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados.
Jogue tudo fora.
Mas, principalmente,
esvazie seu coração.
Fique pronto para a vida,
para um novo amor.

Lembre-se somos apaixonáveis,
somos sempre capazes de amar
muitas e muitas vezes.
Afinal de contas,
nós somos o "Amor".



" Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do
tamanho da minha altura."

LUZ!


(Carlos Drummond de Andrade)
terça-feira, 9 de abril de 2013

Me liga...

Me liga quando o sorriso não tiver cabendo no rosto e você quiser compartilhar com alguém o riso e os lábios. Liga pra dizer que tá meio tarde e você não tem onde ficar e pergunta se pode cair lá em casa. Sempre tem espaço pra você mesmo que não haja espaço pra nós dois no mesmo lugar. Sempre tem um pouco de mim deixando você chegar pra me provar que a vida é maravilhosa, como você diz. Me liga, mesmo que seja pra me acordar. Eu juro que não fico bravo com a tua voz – e não fico mesmo. Me liga pra ficar em silêncio e cair em prantos soluçantes… É que o teu choro é mais gostoso que a chuva caindo lá fora e eu prefiro te ouvir falando dele a passar a noite sozinho.
Me liga mesmo que não for pra me pedir abrigo. Ou pra brigar comigo por não ter aparecido no seu aniversário. Eu costumo mandar os presentes por correio porque não ia aguentar ver aquele agradecimento sinceramente amigável brotando do seu rosto. Liga e eu te apresento um amigo. Alguém muito melhor que eu enquanto eu morro por dentro de ciúmes de você. Enquanto eu fico parado, numa mesa de bar, ouvindo os seus mundos colidirem. O meu mundo se destroça e você nem sabe disso. Nem sabe que toda a minha angústia é por conta dessa confusão toda que você provoca em mim. E eu continuo te apresentando a homens melhores, romances menores e sou sempre o último a ficar aqui por você. Dentro do carro. Sozinho. Ouvindo alguma balada numa estação de rádio que poderia ser a nossa se você não preferisse pronomes pessoais de terceira pessoa. Me liga pra eu me autossabotar mais um pouco e jogar você pra mais alguém que não seja eu. Porque eu gosto de ser triste – ou porque eu tenho um medo gigante de perder você ao admitir que sem você a casa é fria.
Me liga pra eu escrever alguma coisa. Num papel de pão mesmo. Ou num post-it da tua geladeira. Eu passo de manhã e levo geleia de morango e leite desnatado. Eu já tenho a chave que menos me importa mesmo. Liga e diz que vai embora. E que não vê a hora de se despedir. Me liga, mas não vem com beijo na testa. Não me interessa. Eu só queria você aqui. Vem um dia desses e diz que quer uma revolução na tua vida. E olha direito – porque eu acho que os seus óculos ficam sempre embaçados quando você tá comigo, e só isso explica o porquê de você não me ver. Podia ser eu e você nunca vai saber disso. Pra ti eu sou o porto seguro em cada estação. Até quando eu for embora. Sem nem dizer a hora. Sem nem dizer o porto e sem nem dizer que eu vou me afogar depois de algumas centenas de metros rasos longe de você. Me liga e pede – de verdade – pra cuidar de você. Com pressa. Sem essa de que você tem muito a perder se tirar os pés do chão comigo.
Me liga e me diz que eu sou o amor da tua vida. Que tu acordou hoje e percebeu que esse tempo todo sou eu ali do lado, mendigando amor e um pouco de atenção. Liga e diz que encontrou as fitas, os vídeos, os livros e tudo mais que eu te dei porque me lembravam você. Liga e diz que não tem mais briga, nem lamento, nem história nenhuma com eles que eu tenha que ouvir. Me liga pra dizer que passa aqui de manhã cedo e que vai me acordar com um beijo pra me espantar da solidão.
Daniel Bovolento
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

E reza, reza muito pra não aparecer ninguém que mexa comigo enquanto você fica brincando de não saber o que quer.



Eu duvido. Duvido que você não chame meu nome quando você sente falta de alguém, duvido que não sinta falta do meu carinho sempre tão sincero, falta de me contar como foi seu dia, as histórias da sua vida que sempre foram pra mim melhor do que qualquer novela. Duvido que você não me procure nas biscates que você pega por aí, sempre tão vazias. Vazias igual a sua liberdade idiota que nunca te serviu pra porra nenhuma. Talvez esse seja o nosso problema, eu sou completa demais pra sua vidinha mais ou menos. Eu sinto, eu penso, eu falo, eu te conheço, isso te assusta né? “Tô invadindo seu espaço? Desculpa.” Essa fui eu, durante todo esse tempo, me desculpando por que mesmo? Me diminui pra você ficar maior, pra você não me perceber entrando na sua vida. Se você pudesse sentir o quanto isso dói você quem iria se desculpar. Eu queria ligar pra você, e te falar sem pausas tudo que eu ensaio toda vez que você me magoa, mas nunca digo pra não te magoar, afinal você não me faz mal por mal, e talvez esse seja o pior mal que se possa fazer a alguém, tão natural. Bobagem, como se algum ensaio no mundo fosse me deixar firme depois do seu ‘alô’. Então é isso, tô te escrevendo. Sempre fui mais segura com as palavras. Tô te escrevendo pra talvez um dia te enviar, mas to escrevendo. E não é sobre você dessa vez, é sobre mim. Sobre o quanto eu sou boa, igual a mim tá difícil meu bem. Sobre como eu não preciso usar cinco centímetros de saia e um decote no umbigo pra ser mulher; Sobre como, ainda assim, só eu sei fazer de você um homem. Sobre muitas coisas, mas principalmente, sobre quantos homens eu poderia estar saindo nesse exato minuto. Não é com você, é comigo sabe? Por exemplo, eu te idealizo nesse momento como o melhor, não que você seja. Acho legal você brincar com a sorte, mas se eu fosse você não teria tanta certeza da minha posse assim. Talvez ninguém tenha te avisado ainda, então desculpa se eu vou te dar essa notícia sem te preparar antes, mas a porra do mundo não gira em torno do seu umbigo. Ficou chocado? Acontece. Só queria te dar um conselho, em nome da nossa amizade e meu carinho por você, tira uma mão da liberdade e segura um terço. Fica assim, agarrado nas duas coisas sabe? E reza, reza muito pra não aparecer ninguém que mexa comigo enquanto você fica brincando de não saber o que quer. Porque eu sou amor, e ainda que não seja o seu, essa é a minha essência. E você não deve acreditar muito nessa ideia, pelas tantas vezes que eu quase fui, mas um dia eu vou, sempre foi assim. Mas deixa eu te contar um segredo: se eu for, eu não volto. 

 Tati Bernardicomo registrar uma marca


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

“Quando alguém te tira do seu sono, e você não fica tão irritado assim, quer dizer algo… Não quer?”


— Clínica de aborto Criança Feliz. Como posso ajudar? — atendi, depois do meu coração voltar ao ritmo normal por causa do celular e depois de ficar encarando o “Alice” na tela e aquela foto que eu tirei dela quando desafiei ela a colocar sete chicletes na boca por um tempo.
Silêncio.
— Oi, Alice — usei a melhor voz que pude.
Nota mental: deixar o celular no silencioso. Nota mental dois: não atender, caso esqueça a nota mental um e depois mentir que não ouviu o celular tocando.
— Ei, você. Tava dormindo?
Sério mesmo, Alice? Jura? Esfreguei os olhos.
— Não, não — respondi, rabugento. Pior do que me acordar de manhã? Me acordar de madrugada. Mas, pela Alice, fiz um esforço. — Tava deitado na cama, pensando na vida, conversando com as corujas. Afinal, quem é que dorme às quatro da manhã de um domingo, né? Eu, com certeza, não…
— Tive um pesadelo — ela interrompeu, totalmente inconsciente do meu humor. — Desculpa por te acordar. Sei que teu toque do celular é alto e quase te mata de susto, mas…
Sentei na cama e cocei a cabeça, tentando pensar em algo coerente.
— Conta.
Ouvi a respiração dela pesando e ela se virando na cama.
— Só… Me distrai.
Fiz um som de reprovação.
— Depois. Antes me conta. Tu me acordou. Isso me dá direitos.
— Eu… Só… Tive esse sonho. Sonho ruim — não achei que ela tivesse noção disso, mas ela soava como uma criança de cinco anos, assustada, que se perdeu da mãe no shopping.
Ouvi-la falando desse jeito me fez sorrir. Não era muito comum essa “fragilidade” da parte dela. Na real, ela riria da minha cara se eu ligasse pra ela por esse mesmo motivo.
— E o sonho ruim era sobre?
— Não sei explicar muito bem. Era todo mundo que eu conheço se ajeitando na vida, se encaixando em algum lugar e eu… Sozinha. Completamente sozinha. Me, myself and I.
Revirei os olhos.
— Você…
— Sabe o que é mais triste ainda? — ela não me deixou falar. — Nem posso passar o resto da vida sozinha e amarga com 57 gatos porque eu tenho alergia a gatos. Tem algo muito errado comigo, juro…
Quando o tom de voz dela começou a beirar o desespero, achei que era melhor interromper.
— Ei, ei, ei, coração, me escuta. Você não vai passar o resto da tua vida completamente sozinha e amarga, ok? Nem com vários animais.
— Não vou? — ela murmurou, com a voz extremamente dengosa.
— Não — respondi. — Ainda tem a sua mãe. Ela, tipo, pariu você. Você saiu de dentro da… De dentro dela. Isso é algo que marca. Laços maternos são fortes. Ela não vai te deixar. E, claro, você sempre tem o disk-sexo…
Ela soltou uma risada rouca. Era isso que eu queria.
— Cuzão.
— Olha só… Voltou a me xingar — sorri. — E sei que se eu estivesse aí levaria um tapa. O que significa que você tá no seu estado normal. Vai sobreviver. Foi só um pesadelo.
— É… Deve ser.
— Sabe — comentei —, nunca achei que você fosse assim.
— Defina “assim”.
— Sei lá. Não achei que no fundo você morresse de medo de ficar sozinha… Esse tipo não combina muito contigo.
— Não morro de medo de ficar sozinha, nem no fundo e nem no raso — resmungou.
— Claro que morre. Esse teu pesadelo foi só o modo que o seu subconsciente achou de expressar esse seu medo, já que falar sobre o problema não é o seu forte.
— Ah, valeu. Tô te pagando quanto mesmo pra ser a porra do meu psicólogo?
— Uhhhh… Toquei no ponto fraco.
Ela respirou fundo e devia estar contando até 10, sinal de que eu consegui a deixar irritada. Dei uma risadinha.
— Desculpa, amor… Desculpa — mordi o lábio.
Deitei de lado na cama e reparei que perdi o sono.
— Cê tá bem? — perguntei, porque ela ficou calada.
— Sei lá.
— “Sei lá” é o pior estado pra se estar. Estando bem, você sabe… Você tá bem, pronto, acabou. Estando mal, você tem que tentar melhorar. Mas estar “sei lá” não é legal. Então não diz pra mim que cê tá “sei lá”. Porque vou ter que tomar medidas sobre…
Ouvi o sorriso dela do outro lado.
— Sabia que você faz um barulhinho quando sorri? Dá pra notar — comentei.
— Faço?
— Faz. Tipo um “tic”. 
— Cara.
— Que é?
— Isso é muito doente.
— O quê?
— Reparar no barulho que o sorriso da pessoa faz.
— Ah, cara… Me deixa — resmunguei.
Ela começou a rir do meu tom de voz, mas parou do nada.
— Tô com frio — ela disse.
— Vem pra cá — sugeri. — Deixo a janela destrancada e você entra. Minha cama tá quente. E eu também.
— Tentador. Mas não seria você que devia fazer isso?
— Você é o homem da relação — respondi.
O que eu disse? 
— Tem cobertor ai?
— Tem eu.
— Como você vai me esquentar?
— Deitando por cima de você.
— Eu disse esquentar, não esmagar.
 Morra congelada. Fique com hipotermia.
— Uhhhh… Toquei no ponto fraco.
— Estúpida.
Ela riu da minha cara por uns cinco minutos.
— Parou? Acabou a graça? Tá satisfeita?
— Não, mas vou parar de rir em respeito a você.
Não respondi.
— Ei. Pietro.
Continuei sem responder.
— Pietro… Vai. Fala comigo. Tô te ouvindo respirar. Faz um barulhão. Parece um aspirador. É que seu nariz é grande. Quase
Eu ri baixo.
— Olha aí. Tá até rindo. Fala comigo.
Não respondi.
— Tá. Eu vou desligar, então. Um… Dois… Dois e meio…
— Oi.
— Parou o drama?
— Vai dormir.
— Olha que eu vou mesmo. Já são cinco da manhã — ela bocejou.
— Dorme, então.
— Tá bom.
— Vai mesmo?
— Você tá praticamente me expulsando.
— Do que? Telefone?
— Boa noite, Pietro. 
— Boa noite, Alice.
Mas nenhum de nós desligou o telefone. Fiquei a ouvindo respirar e se mexer na cama.
— Não vai desligar? — perguntei;
— Não.
— Por que não?
— Porque quando sou eu quem desliga eu sinto que tô te rejeitando.
— A coisa que você mais ama no mundo é me rejeitar.
— Verdade. Mas só quando é de propósito e de um jeito bem cruel.
Eu ri.
— Quer que eu desligue? — perguntei.

— Não…
— Por que não?
— Porque quando você desliga eu me sinto rejeitada.
Sorri.
— Eu não te rejeitaria. O que você quer?
— Não sei — ela respondeu, toda sonolenta.
— Quer que eu deixe o telefone ligado, então?
— Vai me ouvir dormir? — ela me zoou.
— Não sei… Vou?
— Isso é bem gay, até pra você, só pra tu saber…
— Tudo é bem gay pra você, Alice.
— É. Boa noite.
— Dorme bem — eu disse.
— Dorme bem você também.
— E sonha comigo.
— Escolhe só uma das duas coisas.
Eu sorri.
— Beijo na boca.
— Chupão no pescoço.
— Apertão na coxa.
— Hm…
Ouvi ela revirar na cama, se mexer, tossir, suspirar, fazer barulhos com a boca e depois de um tempo, só sobrou a respiração lenta.
— Alice — eu falei depois de uns 15 minutos de respiração, mas só porque tive a certeza que ela já tinha dormido. 
— Sabe, eu conclui que, depois de pensar e analisar os fatos… Rever a situação… Que, talvez, quem sabe, sei lá… Eu possa estar… Remotamente me apaixonando por você. Não apaixonado. Em processo de apaixonar. Mas não é certeza. Só tenho essa sensação às vezes. Talvez passe amanhã, mas acho que não.
“Tic”.”
~ Oh, Alice, are you in love with me too? Pietro da Alice

Vitor Danúbio




quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

E andaríamos sempre de mãos dadas...


Eu e você correndo por dentro de casa, brincando de pega-pega ou esconde-esconde. Eu com pantufa de ursinho e você com pantufa de coelhinho. Eu perturbando você de todos os jeitos possíveis. Puxando seu cabelo, mordendo sua bochecha, colocando a mão gelada em você, falando da sua roupa. Nós dois dentro do armário de roupas, trancados, contando segredos. Teríamos uma mesa de de sinuca na sala e nossa cama seria um colchão no chão. Queimaríamos panelas tentando cozinhar, talvez botássemos fogo na cozinha e acabássemos pedindo pizza e comendo sentados no chão da sala enquanto jogamos vídeo game. Se ficássemos entediados, pegaríamos a lista telefônica e passaríamos trote em algum desconhecido ou apertaríamos a campainha do vizinho e sairíamos correndo. Você me contaria todas as partes do seu dia, quando chegasse em casa, eu ouviria enquanto brinco com as suas mãos e pediria detalhes, mesmo que não me interessasse, só pra ouvir sua voz. Iríamos ao supermercado juntos, e você ficaria deslizando com o carrinho pra cá e pra lá ao invés de fazer as compras. Eu fingiria que não te conheço, quando as pessoas olhassem torto pra você. Quando eu estivesse dirigindo  você faria caretas pra tirar minha atenção ou brincaria de bagunçar meu cabelo. Quanto estivesse calor, dormiríamos em uma rede na varanda. Brigaríamos às vezes, pra não cair na rotina. Você me xingaria de todos os palavrões que conhece e eu não conseguiria segurar o riso. Faríamos as pazes com um abraço. Quando a briga fosse pior e demorasse um pouco mais para nos reconciliarmos, eu me trancaria no quarto e ficaria mal. Mas depois você arrumaria uma desculpa pra voltar a falar comigo, e nós conversaríamos horas e horas sobre como-eu-fiquei-mal-sem-falar-com-você. E perceberíamos como somos bobos por sequer pensaremos na possibilidade de perder um ao outro. Sabe aquele meu casaco velho, que você adora? Então, ele teria o seu perfume e não o meu, porque você o usaria mais que eu. E eu nem ligaria, porque ele fica muito melhor em você do que em mim, afinal. Aliás, meu coração tá muito melhor contigo do que jamais esteve comigo ou com outro alguém. Uma hora ou outra você teria crises e diria que tem medo de que eu encontre alguém melhor, e eu passaria horas tentando te fazer entender que não existe ninguém melhor do que você, e que se existisse, eu não trocaria. Vai ser uma linda história de amor-amizade, nós dois sabemos que vai.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

“Especial de Natal, algemas e Alietro.



— Sabia que não devia ter te convidado pra me ajudar a montar a árvore de Natal. 
Cruzei os braços no peito, fingindo estar ofendido. 
— Por que não? Eu sou um perfeito Assistente De Montar Árvores de Natal. Totalmente prestativo. E sou gostoso também. Não negue, Alice. Sei que você também acha isso. 
Ela revirou os olhos. 
— Você quebrou as luzes em menos de dez minutos. Isso é parte da sua concepção de “ser prestativo”
— Aquilo foi um acidente — eu disse, na defensiva, tentando arrumar os enfeites na árvore e meio que estragando tudo. — E eu comprei luzes novas, então meio que meu erro foi anulado. 
Ela balançou a cabeça e apertou os lábios em sinal de reprovação, observando minhas mãos. 
— Você tá fazendo errado — disse, dando um tapinha no meu braço. Levantei as mãos, como quem se desculpa. 
— Desculpa, Miss Eu Sou Boa Em Tudo Que Eu Faço. Acho que minhas mãos são melhores pra outras coisas… Mas você sabe disso. 
Ela me deu um soco no peito. Eu a empurrei. Incitei-a a continuar com o olhar, mas ela não revidou. 
— Eu nunca entendi muito bem o Natal — falei. 
Ela me deu aquele olhar que dizia “ah, lá vem o Pietro”. 
— O que é tão complicado de entender? Sei que seu cérebro parou de se desenvolver aos 13 anos, mas cara… 
Ignorei. 
— O aniversário é de Jesus, ou pelo menos acho que essa é a definição da data, mas não sei, eu era péssimo na catequese… Enfim. O aniversário é de Jesus, mas é a gente que ganha presente e se mata comendo chocolate e panetone. 
Ela riu alto. 
— Eu odeio panetone — reclamei. 
— Você só conseguiria piorar isso se falasse “oh, o Natal é uma data tão capitalista! Onde está o sentimentalismo?”. Eu gosto de panetone. 
Sorri, malicioso, e andei alguns passos até ficar atrás dela, empurrando o braço dela de leve e a fazendo derrubar a bolinha que estava arrumando na árvore. 
— Ah, não. Eu adoro capitalismo e feriados capitalistas e tudo mais. Não diria isso — beijei a bochecha dela. — E claro que você gosta de panetone. Você é estranha. 
Subi a mão direita pelas costas da Alice por baixo da camiseta e distribui beijos pelo ombro dela. Agarrei o quadril com a outra mão e a puxei um pouco mais pra mim, minha barriga e todo o resto do meu corpo colado no dela. Ela virou o pescoço um pouquinho pra que eu pudesse beijar lá também. 
— Pietro. 
Raspei meu queixo pelo pescoço dela e ela se arrepiou quando sentiu minha barba arranhando. Virou a cabeça pra mim. 
— Seu trabalho como meu assistente também envolve me distrair do que eu tô fazendo? 
— Não, esse é meu trabalho como seu… — e na metade da frase eu reparei que não tinha um nome pro que eu era pra ela. — Escravo sexual. 
Ela se virou de frente pra mim, as mãos nas minhas costas, me mantendo perto e me encarando. 
— Escravo sexual? — ela levantou as sobrancelhas. — Você se considera isso? 
Dei de ombros. 
— Você tem uma definição melhor? 
Ela me beijou, provavelmente tentando evitar a pergunta. 
Levei minha mão até a nuca dela e enfiei meus dedos entre os cabelos, primeiro agarrando e depois puxando. A empurrei pra parede logo atrás dela e a joguei lá com um pouquinho a mais de força do que o necessário, mas ela pareceu gostar. Desci a outra mão pela lateral do corpo dela e subi a coxa dela pra minha cintura, enquanto ela roçava a outra perna entre as minhas. 
Continuei esfregando nossos corpos enquanto a gente se beijava e Alice puxou e soltou meu lábio, pra logo após parar nosso beijo, justamente quando eu tava ficando animado. 
— Amo beijar você, Pietro, você sabe o quanto, mas eu tenho que terminar minha árvore de Natal e você não tá ajudando — reclamou contra minha boca. 
“Amo”. 
Ela subiu as mãos por baixo da minha camisa, arranhando meu abdômen. 
Balancei a cabeça e fiz biquinho. Ela fez biquinho também. Mordi o biquinho dela. Coloquei as duas mãos no quadril dela e fiz negativo com a cabeça. 
— Não. 
— Sim. 
— Não. 
— Depois. 
Ela empurrou meu peito e eu me afastei, mesmo contrariado. 
— Só depois? 
— Só depois. 

— Certo. Sinto muito lhe dizer, mas como punição pelos maus modos e pela ingratidão, você acaba de perder seu assistente. 
— Punição? — ela sorriu. — É mais uma benção. 
Sentei no sofá e coloquei as mãos atrás do pescoço. Fiquei a observando montar a árvore, toda cuidadosa e atenta aos detalhes. Ela me olhava rapidamente de vez em quando. 
— Para de me encarar — ela disse. 
— Não tô encarando — me defendi. 
— Quase nada. 
— Tô… Admirando. 
— Tá encarando. 
— Ok, talvez eu esteja. Encarando com admiração. 
Atirei uma das bolinhas da decoração nela. 
Depois de um tempo em silêncio, ela perguntou: 
— O que eu vou ganhar de Natal do meu ex Assistente Gostoso? 
Eu sorri com a referência. 
— Um vibrador — respondi. — Bem grande. E preto. Ele acende umas luzinhas também… 
Ela parou de arrumar a árvore e virou o corpo na minha direção, o rosto sério. Me espreguicei no sofá, a expressão mais inocente do que nunca. 
Pra que eu precisaria de um vibrador se eu tenho você? — ela provocou. 
Levantei as sobrancelhas. 
Eu sou melhor que um vibrador? 
Ela voltou a atenção pra árvore. 
— Nunca experimentei um vibrador — se esquivou da pergunta, a voz baixa. 
— Mas eu sou bom? — insisti. 
Ela me olhou de canto. 
— Cala a boca, Pietro.
Gargalhei. 
— Você não negou! 
— Quieto. 
— Então eu sou bom. 
Ela revirou os olhos, com cara de tédio. 
— Criança. 
— Mas eu sou bom. 
— Infantil. 
— E bom. 

Ela suspirou e não respondeu, sabendo que é inútil discutir comigo. Era realmente fofinho assistir ela arrumando a árvore de Natal toda feliz. 
— Alice — chamei. 
— Pietro. 
— Olha pra mim. 
Ela olhou. Bati a mão na minha coxa. 
— Vem cá. 
Ela balançou a cabeça em sinal de negativo. 
— Por que eu iria? 
— Só vem. 
Alice andou preguiçosamente na minha direção e eu me ajeitei no sofá. Ela sentou no meu colo de pernas abertas e se arrumou sobre mim, as mãos no meu pescoço. As minhas estavam nas coxas dela e eu a pressionava contra o meu colo. 
— O que você acha que o Papai Noel vai te dar esse ano? 
Ela me analisou, o olhar levemente malicioso. 
— Não tenho ideia — e subiu uma das mãos pro meu cabelo, na nuca. Levei a boca até o pescoço dela. 
— Você foi uma boa menina ou uma má menina esse ano? — perguntei, movendo a boca do pescoço até a orelha. — Eu acho que você foi má. 
Eu queria muito saber por que tudo que você fala soa tão pervertido.
Ela me beijou, movendo o corpo mais pra cima do meu conforme a intensidade do beijo aumentava. Apertei a coxa dela enquanto ela puxava meu cabelo. Ela parou de me beijar, mas manteve nossas bocas próximas, a respiração pesada batendo contra os meus lábios. 
Acho que fui uma menina má esse ano. 
Apertei a coxa dela com um pouco mais de força e depois sorri. 
— Sério? Então eu acho que vou ter que te punir. 
— Isso envolve chicotes e essas coisas sadomasoquistas ou só uns tapinhas resolvem? — ela puxou minha cabeça pra trás, deixando meu pescoço livre e o encheu de mordidas. 
— Não sei. Pensei em comprar umas algemas e te prender na cama por um dia inteiro. 
— Por que essa sua ideia não me surpreende? — ela voltou a me olhar. 
Dei de ombros e me fiz de indiferente. 
— Sou previsível. 
Me inclinei para beijá-la novamente, mas ela me parou, o braço no meu peito. 
— Por que não? 
Ela olhou pra trás. 
 Árvore de Natal. Ainda não terminei. 
E se levantou, saindo do meu colo. Me deixando totalmente… Ahhhhhh. 
— Sério? Você me beija desse jeito e depois vai terminar a Árvore de Natal? Sério? — Garotas sabem manter suas prioridades. 


E às vezes eu esquecia como ela podia ser má comigo.”


Vitor Danúbio
sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Socos, preliminares, discussão de relacionamento e…Carros?






Eu tamborilava os dedos na mesa de centro em um ritmo que irritava até a mim mesmo. Com a outra mão, eu mexia no celular, sem realmente fazer nada, mas só pra não me sentir tão constrangido. O clima já era pesado e eu só piorava agindo desse jeito. Só que como ela não disse nada, eu continuei. Mas Alice foi a primeira a quebrar o silêncio tenso:
— Dá pra parar? Minha mão congelou. Um segundo depois, recomecei.
— Parar com o quê? Eu tava deitado no sofá e de costas pra ela, mas praticamente podia sentir o olhar dela me degolando, o que só colocou um sorrisinho na minha cara e me incentivou a tornar o barulho ainda mais irritante. Eu não sabia por que a gente tava quase entrando pro tapa, mas com certeza não ia ser o primeiro a baixar a guarda.
Destruição mútua. Ela riu, seca. Virei a cabeça e, por baixo da aba do boné, dei um daqueles olhares que eu sabia que ela odiava.
— Muito maduro.
— Vindo de você…
— Vai se foder. Eu ri.
— Gosto quando você fala sujo assim. Ela bufou e levantou do outro sofá, marchando pro quarto, chutando o que encontrava pelo caminho. Me levantei num pulo e me coloquei na frente dela.
— Sai da frente.
— Ou o quê? — desafiei-a.
— Vai me chamar de idiota? Babaca, talvez? Estúpido? Não, espera… Otário? Ou o meu apelido preferido, “verme”? Vai me estapear por absolutamente motivo nenhum? Atirar alguma coisa em mim? Ela me encarou.
— Faz alguma dessas coisas, então — completei.
— Mas para de me ignorar. Ela não se mexeu. Passei a ponta dos dedos pelo rosto dela e depois coloquei uma mecha do cabelo atrás da orelha.
— Alice, qual é… Ela simplesmente desviou de mim e continuou andando. Agarrei-a pelos braços, prendi a parte de trás do corpo dela na parte da frente do meu e a encostei na porta do quarto. Levei minha boca até o ouvido dela.
— Acho que você devia parar de descontar o fato de que você não tem capacidade emocional pra lidar com as pessoas gostando de você e essa tensão sexual  toda em mim — resmunguei e depois mordi a orelha dela.
— Sério, só… Conversa comigo. A resposta foi uma cotovelada no meu estômago. Eu me afastei, tossindo. Fiz uma careta.
— Desnecessário. Ela se virou.
— Foi, mas me sinto melhor agora. Me preparei pra recomeçar a discutir, mas me detive. Ela é complicada, eu disse pra mim mesmo. Você sabe disso. Tem problemas com o pai e um soco que dói. Não provoca.
 — Qual o problema? — perguntei.
— Não tem problema nenhum.
— Então tá agindo assim por quê?
— Assim como?
— Alice.
— É legal quando fazem isso, né?
— Alice — repeti. Ela suspirou, fechou os olhos e encostou a cabeça na porta do quarto.
— Não é nada. Nada mesmo. Eu a beijei. No começo ela recuou e tentou me afastar, mas depois cedeu. Arrancou meu boné com uma mão e agarrou meu cabelo com a outra, puxando-o com raiva. Eu podia sentir a frustração na boca dela e a prensei contra a porta.Abri a porta do quarto com um empurrão depois de descer com a mão apertando o corpo todo dela. Mas a gente acabou andando rápido demais e tropeçando nos pés um do outro, o que nos levou a um tombo desajeitado em cima da cama. Ela riu do meu mau jeito. Eu saí da cama, ela ficou deitada. Tirei meus tênis, meio apressado e depois cuidadosamente tirei os dela. Não desgrudei meus olhos dela. Ela mordia a ponta do travesseiro enquanto me olhava, com uma cara de estressada que era muito legal de ficar observando. Enquanto isso, ela tirou a camiseta. Eu não sabia exatamente como tínhamos passado de briga-com-direitos-a-socos pra… Isso, mas tinha curtido.
Fist fights turn into sex… I wonder what comes next. Coloquei os joelhos na cama e me ajeitei sobre ela, depois subi com as mãos pelas pernas da Alice, devagar. Desci a boca com cuidado até a barriga e, depois de depositar dois beijinhos ali, desabotoei o short dela. Eu sorri quando ela mesma começou a descê-lo com as mãos, impaciente e eu mesmo puxei o resto dele, jogando-o pra fora da cama. Deitei sobre ela com cuidado, ela passou os braços pelo meu pescoço e me beijou… De um jeito doce dessa vez. Enquanto ela me beijava, eu subia minhas mãos pela barriga dela, até chegar nos seios.
— Pietro — ela disse em com a respiração um pouco alta quando sentiu meu apertão.
— Eu gosto dessa camiseta que você tá usando. Mas acho que eu deveria tirá-la pra você. Eu sorri. Senti as mãos dela subindo pelas minhas costas, trazendo minha camiseta junto e deixei que ela tirasse. Depois disso, arranhou com força do meu ombro até a minha cintura, realmente cravando as unhas, deixando marcas. Pressionei meu corpo contra o dela por causa da dor. Eu gemi baixo e fiz uma careta. 
— Machuquei você? — ela sorriu contra os meus lábios. 
— Foi uma dor gostosa — respondi. 
— Tô marcando território — ela passou as mãos por onde havia arranhado, fazendo só carinho dessa vez. 
— E isso significa que? 
— Você é meu. 
 Puxei o corpo dela um pouco pra cima pra poder tirar o sutiã, e o puxei lentamente pelo braço. Agora eu estava nos seios dela; a boca em um e a mão no outro — eu sabia que ela gostava disso. Bastante. Beijei, chupei, passei a língua por eles, tentei morder delicadamente e cada vez que a minha língua atingia um ponto mais sensível, ela dava um puxão forte no meu cabelo, me incitando a continuar. Minha outra mão alternava em acariciar as coxas dela e a virilha, e volta e meia ela se retorcia contra o meu corpo. Deixei um dos meus dedos deslizar pela calcinha dela e pude sentir a umidade. Ela gemeu, primeiro um “puta que pariu”e depois o meu nome.
— Vai, Pietro… Por favor.
— O que? — respondi, parando meus movimentos e ajeitando meu corpo sobre o dela, minha perna estrategicamente enfiada contra as coxas dela.
— Você sabe — ela falou entre os dentes, a mão se atrapalhando ao tentar desabotoar minha calça. Ajudei-a, desabotoando e baixando o zíper de uma vez só, mas guiei a mão dela pra dentro da calça ao invés de tirá-la.
— Não posso te dar o que você quer se você não me falar.
— Você só quer me ouvir falar.
— Verdade. Ela puxou meu queixo e nos beijamos de novo, agora com mais intensidade, enquanto a mão dela subia e descia pela minha cueca, dando leves apertões. Tentei tirar a calça sem interromper o movimento dela, e quando consegui, ela me rolou na cama e montou no meu colo. Ela me arranhou de novo, do peito até a barriga dessa vez, mas nem senti muito bem. Eu tava concentrado em um pouco mais abaixo. A segurei pelo quadril no meu colo e quando ela recomeçou nosso beijo, também começou a rebolar. Foi a minha vez de soltar um gemido. Ela lambeu meus lábios, minha língua, o queixo, e depois a bochecha, até chegar ao meu ouvido.
— Pelo que eu me lembro você gosta desse jeito — ela sussurrou, aumentando um pouco ritmo com o quadril. Pressionei minhas mãos na cintura dela e ela cravou as unhas contra minha nuca em resposta, gemendo um pouco no processo.
— Lembro que você também gosta dos meus gemidos. Desci as mãos pras coxas, apertando-as. Balancei a cabeça, excitado demais pra responder na mesma hora.
— Na verdade — falei um tempo depois, minha voz soando abafada e minha respiração pesada
— Eu amo seus gemidos. Sou apaixonado por eles. E por você.

(Ponto de vista da Alice) 

E eu travei. Quando ele disse a palavra com “A”. Mesmo conseguindo provocar uma piscina entre as minhas pernas, ele conseguia me broxar com uma frase. Porra, Pietro, sério, não dá pra você manter a boca fechada? Ou usá-la pra algo mais útil do que falar? Eu queria que ele brigasse comigo. Fosse cruel. Gritasse. Esfregasse na minha cara que eu era uma vadia porque eu brincava com ele. Eu queria uma razão pra poder afastá-lo, mas o menino era muito insistente nisso de tentar fazer as coisas certas. Ele notou que eu parei de me mexer e estendeu a mão até meu rosto, pegando meu queixo.
— Que foi? — ele perguntou, parecendo preocupado.
— Por que parou? Eu sai do colo dele, sentando na beira da cama e apoiando meu rosto nos joelhos.
— Alice — ele sentou atrás de mim, colocando as pernas em volta das minhas e envolvendo minha barriga com os braços, falando perto do meu ouvido, a voz carinhosa.
— Foi o que eu falei? Ele beijou minha orelha, pescoço, nuca, costas e ficou acariciando minhas costas.
— Desculpa. Me livrei dos braços dele e me virei de frente, enchendo-o de tapas nos ombros e no peito. Ele segurou meus pulsos com força contra o peito dele e me encarou, confuso.
— Por que você tá surtando?
— Eu não tô surtando. Por que eu estaria surtando?
— Você tá surtando.
— Meu Deus. Eu tô surtando.
— Por quê? Sentei na cama. Ele pegou a camiseta dele de cima da cama e me fez colocá-la, depois veio sentar do meu lado.
— Por isso você tava toda querendo me matar antes, não?
— Basicamente. Ele sorriu. Dei um soco de leve no ombro dele.
— Não é engraçado, babaca.
— Claro que é.
— Por que seria?
— Você gosta de mim — ele disse, a voz soando extremamente confiante. Fiz uma careta.
— Disso eu sei. Você pode negar um monte de coisas, isso não. Você pode não estar se apaixonando por mim, ou não gostar tanto, mas você gosta. Mesmo que não muito. Não neguei. “Não muito.” Babaca. Senti aquele habitual friozinho na barriga.
— Mas você sempre surta — concluiu.
— Eu?
— Você. Por mais ótimo que esteja entre a gente, por mais gostoso que tudo fique, você me afasta. Você tem um jeito bem distorcido de mostrar que gosta das pessoas.
— A gente não tem nada, certo? — perguntei.
— Tecnicamente.
— Você não é meu.
— Antes você disse que eu era.
 — E vice-versa — continuei, ignorando-o.
— Se eu deixar… Se eu permitir que isso vire algo de verdade, e depois nós… E depois a gente terminar, eu vou estar perdendo algo. De verdade. Tô cansada de perder coisas.
— A gente já tem algo.
— Não é a mesma coisa.
— Toda vez que você me afasta, você corre o risco de perder o que a gente tem.
— Não é igual.
— Só na tua mente que não.
— Não é assim.
— Você prefere enfiar sua cabeça em mil outras coisas só pra não encarar que gosta de mim. Eu mexo contigo. Se não mexesse, isso não teria te impedido de continuar o que a gente tava fazendo antes. Eu fiquei quieta. Passei a ponta dos dedos pelo elástico da cueca dele, depois desci pra coxa, me sentindo inquieta.
— Por que tu quer tanto ficar comigo? Ele ergueu as sobrancelhas.
— Eu tenho que fazer uma lista de motivos? Ou você acha melhor eu desenhar?— ele se irritou.
— Sério que você quer que eu responda isso?
— Não fica puto — eu pedi.
— É que sei lá essa. As coisas são bem disfuncionaisentre a gente.
— E você é complicada. Eu sei. E isso não vai funcionar. E todo esse seu mimimi. Viu? Até já sei o que você vai falar. Eu ri.
— Então por que arriscar?
— Porque eu não ligo. Não gostaria de estar funcionalmente — ele sorriu da expressão
— com outra pessoa.
— Olha, vê se você entende isso: eu sou tipo um carro — falei, usando a melhor comparação que pude. Homens adoram carros. Mas Pietro é meio garotinha pra tudo, então não sei se ele ia gostar tanto da analogia.
— Mas eu não tenho motor. Você pode achar legal ter um carro bonitinho na sua garagem, acha que isso pode te fazer bem feliz, mas qual é a vantagem se você ainda tem que andar sozinho pra todo canto? Ele levou a boca até o meu ouvido.
— Eu ainda posso me divertir no banco de trás, mesmo sem motor — ele mordeu minha bochecha.
— Você não é um carro estragado, ok? Talvez seja um carro que precise de um empurrãozinho pra pegar, só isso. Mordi o lábio.
— Pietro… — Não faz essa voz de quem ainda tá confusa.
— Ô, Pietro.
— Tá, vamos pensar em outra coisa. Quer tentar ser só minha amiga? — ele perguntou. Eu ri alto pensando na hipótese.
— Você conseguiria?
— Não. Não posso ser só seu amigo. Não sou só seu amigo. Amigos não querem pegar amigos. Vai contra as regras da amizade.
— E você quer me pegar — afirmação, não pergunta.
— Bastante — passou a língua pelo meu lábio superior.
— “Bastante” quanto?
— O mesmo tanto que você quer me pegar — respondeu.
— Bastante.
— Quem disse que eu quero?
— Sua mão — olhou pra baixo.
— Ficou apalpando minha coxa durante essa conversa toda. Dei um tapa na coxa dele.
— Não é você. É sua cueca. Eu gosto de Calvin Klein. Principalmente as pretas. Ele sorriu, malicioso.
— Vou jogar as outras fora, então — e me beijou. Ele me levou pro meio da cama de novo e ficou por cima, puxando o edredom sobre nós e me beijando de um jeito que me deixou meio sem fôlego. Ele já ia tirando minha camiseta quando eu parei o beijo mais uma vez.
— Pietro.
— De novo não, sério. Já gastei meu estoque de melação de hoje. Peguei o rosto dele entre as mãos, fazendo ele calar a boca.
— Shh.
— Que foi agora? — Eu acho que eu talvez possa estar remotamente me apaixonando por você também. Ele sorriu de um jeito tão feliz que eu até me perguntei por que passo tanto tempo negando as coisas que são relacionadas a ele.