segunda-feira, 30 de setembro de 2013

"Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói, e não se sente. É um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer."






Admiro o amor que dura através do tempo. 
A aparência é acompanhada passo a passo e mesmo com o rosto enrugado de tantos sorrisos que deram na vida, a beleza dos dois transparece desde a alma, até o sorriso. 
Certa vez, um casal de velhinhos passaram por mim, e até o passo deles era sincronizado. 
Consegui enxergar toda a vida dos dois somente com um breve olhar que a senhora me deu. 
Pude ver que o amor deles suportou á muitas lutas e dificuldades mas que a alegria que sentiam ao lado do outro é tão grande á ponto deles enfrentarem todas as lutas sorrindo, imaginando um futuro maravilhoso para os dois. 
O senhor exalava um perfume de eucalipto e a senhora exibia com glamour os seus cabelos grisalhos. 
Contemplei um beijo que ele deu na testa dela e junto com o sorriso que a senhora deu, eu também sorri. 
Voltei para casa com os pensamentos naquele casal. 
Eu vi com os meus próprios olhos, um amor que durará a eternidade. 
Nesse mundo onde as pessoas tratam o amor com desdém, eu encontrei um casal que me inspirou e de alguma forma me dizia essas palavras:
”Vai. Se entrega ao amor. Vale a pena!”. 
Eu sempre soube que valia a pena. 
Mas assim como todos acreditam que todos os planetas existem mesmo sem nunca ter saído da Terra, eu acredito que o amor é eterno, mesmo não tendo vivido a eternidade. 
Aquele casal diz ao mundo inteiro, que sim! 
O amor é eterno, se você estiver disposto a cada dia lutar por ele e dedicar todo cuidado que ele merece.
quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Recomeçar... Recomeçar... Recomeçar...



Não importa onde você parou,
em que momento da vida você cansou,
o que importa é que sempre é possível
e necessário "Recomeçar".

Recomeçar é dar uma nova
chance a si mesmo.
É renovar as esperanças na vida
e o mais importante:
acreditar em você de novo.

Sofreu muito nesse período?
Foi aprendizado.

Chorou muito?
Foi limpeza da alma.

Ficou com raiva das pessoas?
Foi para perdoá-las um dia.

Sentiu-se só por diversas vezes?
É por que fechaste a porta até para os outros.

Acreditou que tudo estava perdido?
Era o início da tua melhora.

Pois é!
Agora é hora de iniciar,
de pensar na luz,
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.

Que tal um novo emprego?
Uma nova profissão?
Um corte de cabelo arrojado, diferente?
Um novo curso,
ou aquele velho desejo de aprender a pintar,
desenhar,
dominar o computador,
ou qualquer outra coisa?

Olha quanto desafio.
Quanta coisa nova nesse mundão
de meu Deus te esperando.

Tá se sentindo sozinho?
Besteira!
Tem tanta gente que você afastou
com o seu "período de isolamento",
tem tanta gente esperando apenas um
sorriso teu para "chegar" perto de você.

Quando nos trancamos na tristeza nem
nós mesmos nos suportamos.
Ficamos horríveis.
O mau humor vai comendo nosso fígado,
até a boca ficar amarga.

Recomeçar!
Hoje é um bom dia para começar
novos desafios.

Onde você quer chegar?
Ir alto.
Sonhe alto,
queira o melhor do melhor,
queira coisas boas para a vida.
pensamentos assim trazem para nós
aquilo que desejamos.

Se pensarmos pequeno,
coisas pequenas teremos.

Já se desejarmos fortemente o melhor
e principalmente lutarmos pelo melhor,
o melhor vai se instalar na nossa vida.

E é hoje o dia da Faxina Mental.

Joga fora tudo que te prende ao passado,
ao mundinho de coisas tristes,
fotos,
peças de roupa,
papel de bala,
ingressos de cinema,
bilhetes de viagens,
e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados.
Jogue tudo fora.
Mas, principalmente,
esvazie seu coração.
Fique pronto para a vida,
para um novo amor.

Lembre-se somos apaixonáveis,
somos sempre capazes de amar
muitas e muitas vezes.
Afinal de contas,
nós somos o "Amor".



" Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do
tamanho da minha altura."

LUZ!


(Carlos Drummond de Andrade)
terça-feira, 9 de abril de 2013

Me liga...

Me liga quando o sorriso não tiver cabendo no rosto e você quiser compartilhar com alguém o riso e os lábios. Liga pra dizer que tá meio tarde e você não tem onde ficar e pergunta se pode cair lá em casa. Sempre tem espaço pra você mesmo que não haja espaço pra nós dois no mesmo lugar. Sempre tem um pouco de mim deixando você chegar pra me provar que a vida é maravilhosa, como você diz. Me liga, mesmo que seja pra me acordar. Eu juro que não fico bravo com a tua voz – e não fico mesmo. Me liga pra ficar em silêncio e cair em prantos soluçantes… É que o teu choro é mais gostoso que a chuva caindo lá fora e eu prefiro te ouvir falando dele a passar a noite sozinho.
Me liga mesmo que não for pra me pedir abrigo. Ou pra brigar comigo por não ter aparecido no seu aniversário. Eu costumo mandar os presentes por correio porque não ia aguentar ver aquele agradecimento sinceramente amigável brotando do seu rosto. Liga e eu te apresento um amigo. Alguém muito melhor que eu enquanto eu morro por dentro de ciúmes de você. Enquanto eu fico parado, numa mesa de bar, ouvindo os seus mundos colidirem. O meu mundo se destroça e você nem sabe disso. Nem sabe que toda a minha angústia é por conta dessa confusão toda que você provoca em mim. E eu continuo te apresentando a homens melhores, romances menores e sou sempre o último a ficar aqui por você. Dentro do carro. Sozinho. Ouvindo alguma balada numa estação de rádio que poderia ser a nossa se você não preferisse pronomes pessoais de terceira pessoa. Me liga pra eu me autossabotar mais um pouco e jogar você pra mais alguém que não seja eu. Porque eu gosto de ser triste – ou porque eu tenho um medo gigante de perder você ao admitir que sem você a casa é fria.
Me liga pra eu escrever alguma coisa. Num papel de pão mesmo. Ou num post-it da tua geladeira. Eu passo de manhã e levo geleia de morango e leite desnatado. Eu já tenho a chave que menos me importa mesmo. Liga e diz que vai embora. E que não vê a hora de se despedir. Me liga, mas não vem com beijo na testa. Não me interessa. Eu só queria você aqui. Vem um dia desses e diz que quer uma revolução na tua vida. E olha direito – porque eu acho que os seus óculos ficam sempre embaçados quando você tá comigo, e só isso explica o porquê de você não me ver. Podia ser eu e você nunca vai saber disso. Pra ti eu sou o porto seguro em cada estação. Até quando eu for embora. Sem nem dizer a hora. Sem nem dizer o porto e sem nem dizer que eu vou me afogar depois de algumas centenas de metros rasos longe de você. Me liga e pede – de verdade – pra cuidar de você. Com pressa. Sem essa de que você tem muito a perder se tirar os pés do chão comigo.
Me liga e me diz que eu sou o amor da tua vida. Que tu acordou hoje e percebeu que esse tempo todo sou eu ali do lado, mendigando amor e um pouco de atenção. Liga e diz que encontrou as fitas, os vídeos, os livros e tudo mais que eu te dei porque me lembravam você. Liga e diz que não tem mais briga, nem lamento, nem história nenhuma com eles que eu tenha que ouvir. Me liga pra dizer que passa aqui de manhã cedo e que vai me acordar com um beijo pra me espantar da solidão.
Daniel Bovolento
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

E reza, reza muito pra não aparecer ninguém que mexa comigo enquanto você fica brincando de não saber o que quer.



Eu duvido. Duvido que você não chame meu nome quando você sente falta de alguém, duvido que não sinta falta do meu carinho sempre tão sincero, falta de me contar como foi seu dia, as histórias da sua vida que sempre foram pra mim melhor do que qualquer novela. Duvido que você não me procure nas biscates que você pega por aí, sempre tão vazias. Vazias igual a sua liberdade idiota que nunca te serviu pra porra nenhuma. Talvez esse seja o nosso problema, eu sou completa demais pra sua vidinha mais ou menos. Eu sinto, eu penso, eu falo, eu te conheço, isso te assusta né? “Tô invadindo seu espaço? Desculpa.” Essa fui eu, durante todo esse tempo, me desculpando por que mesmo? Me diminui pra você ficar maior, pra você não me perceber entrando na sua vida. Se você pudesse sentir o quanto isso dói você quem iria se desculpar. Eu queria ligar pra você, e te falar sem pausas tudo que eu ensaio toda vez que você me magoa, mas nunca digo pra não te magoar, afinal você não me faz mal por mal, e talvez esse seja o pior mal que se possa fazer a alguém, tão natural. Bobagem, como se algum ensaio no mundo fosse me deixar firme depois do seu ‘alô’. Então é isso, tô te escrevendo. Sempre fui mais segura com as palavras. Tô te escrevendo pra talvez um dia te enviar, mas to escrevendo. E não é sobre você dessa vez, é sobre mim. Sobre o quanto eu sou boa, igual a mim tá difícil meu bem. Sobre como eu não preciso usar cinco centímetros de saia e um decote no umbigo pra ser mulher; Sobre como, ainda assim, só eu sei fazer de você um homem. Sobre muitas coisas, mas principalmente, sobre quantos homens eu poderia estar saindo nesse exato minuto. Não é com você, é comigo sabe? Por exemplo, eu te idealizo nesse momento como o melhor, não que você seja. Acho legal você brincar com a sorte, mas se eu fosse você não teria tanta certeza da minha posse assim. Talvez ninguém tenha te avisado ainda, então desculpa se eu vou te dar essa notícia sem te preparar antes, mas a porra do mundo não gira em torno do seu umbigo. Ficou chocado? Acontece. Só queria te dar um conselho, em nome da nossa amizade e meu carinho por você, tira uma mão da liberdade e segura um terço. Fica assim, agarrado nas duas coisas sabe? E reza, reza muito pra não aparecer ninguém que mexa comigo enquanto você fica brincando de não saber o que quer. Porque eu sou amor, e ainda que não seja o seu, essa é a minha essência. E você não deve acreditar muito nessa ideia, pelas tantas vezes que eu quase fui, mas um dia eu vou, sempre foi assim. Mas deixa eu te contar um segredo: se eu for, eu não volto. 

 Tati Bernardicomo registrar uma marca


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

“Quando alguém te tira do seu sono, e você não fica tão irritado assim, quer dizer algo… Não quer?”


— Clínica de aborto Criança Feliz. Como posso ajudar? — atendi, depois do meu coração voltar ao ritmo normal por causa do celular e depois de ficar encarando o “Alice” na tela e aquela foto que eu tirei dela quando desafiei ela a colocar sete chicletes na boca por um tempo.
Silêncio.
— Oi, Alice — usei a melhor voz que pude.
Nota mental: deixar o celular no silencioso. Nota mental dois: não atender, caso esqueça a nota mental um e depois mentir que não ouviu o celular tocando.
— Ei, você. Tava dormindo?
Sério mesmo, Alice? Jura? Esfreguei os olhos.
— Não, não — respondi, rabugento. Pior do que me acordar de manhã? Me acordar de madrugada. Mas, pela Alice, fiz um esforço. — Tava deitado na cama, pensando na vida, conversando com as corujas. Afinal, quem é que dorme às quatro da manhã de um domingo, né? Eu, com certeza, não…
— Tive um pesadelo — ela interrompeu, totalmente inconsciente do meu humor. — Desculpa por te acordar. Sei que teu toque do celular é alto e quase te mata de susto, mas…
Sentei na cama e cocei a cabeça, tentando pensar em algo coerente.
— Conta.
Ouvi a respiração dela pesando e ela se virando na cama.
— Só… Me distrai.
Fiz um som de reprovação.
— Depois. Antes me conta. Tu me acordou. Isso me dá direitos.
— Eu… Só… Tive esse sonho. Sonho ruim — não achei que ela tivesse noção disso, mas ela soava como uma criança de cinco anos, assustada, que se perdeu da mãe no shopping.
Ouvi-la falando desse jeito me fez sorrir. Não era muito comum essa “fragilidade” da parte dela. Na real, ela riria da minha cara se eu ligasse pra ela por esse mesmo motivo.
— E o sonho ruim era sobre?
— Não sei explicar muito bem. Era todo mundo que eu conheço se ajeitando na vida, se encaixando em algum lugar e eu… Sozinha. Completamente sozinha. Me, myself and I.
Revirei os olhos.
— Você…
— Sabe o que é mais triste ainda? — ela não me deixou falar. — Nem posso passar o resto da vida sozinha e amarga com 57 gatos porque eu tenho alergia a gatos. Tem algo muito errado comigo, juro…
Quando o tom de voz dela começou a beirar o desespero, achei que era melhor interromper.
— Ei, ei, ei, coração, me escuta. Você não vai passar o resto da tua vida completamente sozinha e amarga, ok? Nem com vários animais.
— Não vou? — ela murmurou, com a voz extremamente dengosa.
— Não — respondi. — Ainda tem a sua mãe. Ela, tipo, pariu você. Você saiu de dentro da… De dentro dela. Isso é algo que marca. Laços maternos são fortes. Ela não vai te deixar. E, claro, você sempre tem o disk-sexo…
Ela soltou uma risada rouca. Era isso que eu queria.
— Cuzão.
— Olha só… Voltou a me xingar — sorri. — E sei que se eu estivesse aí levaria um tapa. O que significa que você tá no seu estado normal. Vai sobreviver. Foi só um pesadelo.
— É… Deve ser.
— Sabe — comentei —, nunca achei que você fosse assim.
— Defina “assim”.
— Sei lá. Não achei que no fundo você morresse de medo de ficar sozinha… Esse tipo não combina muito contigo.
— Não morro de medo de ficar sozinha, nem no fundo e nem no raso — resmungou.
— Claro que morre. Esse teu pesadelo foi só o modo que o seu subconsciente achou de expressar esse seu medo, já que falar sobre o problema não é o seu forte.
— Ah, valeu. Tô te pagando quanto mesmo pra ser a porra do meu psicólogo?
— Uhhhh… Toquei no ponto fraco.
Ela respirou fundo e devia estar contando até 10, sinal de que eu consegui a deixar irritada. Dei uma risadinha.
— Desculpa, amor… Desculpa — mordi o lábio.
Deitei de lado na cama e reparei que perdi o sono.
— Cê tá bem? — perguntei, porque ela ficou calada.
— Sei lá.
— “Sei lá” é o pior estado pra se estar. Estando bem, você sabe… Você tá bem, pronto, acabou. Estando mal, você tem que tentar melhorar. Mas estar “sei lá” não é legal. Então não diz pra mim que cê tá “sei lá”. Porque vou ter que tomar medidas sobre…
Ouvi o sorriso dela do outro lado.
— Sabia que você faz um barulhinho quando sorri? Dá pra notar — comentei.
— Faço?
— Faz. Tipo um “tic”. 
— Cara.
— Que é?
— Isso é muito doente.
— O quê?
— Reparar no barulho que o sorriso da pessoa faz.
— Ah, cara… Me deixa — resmunguei.
Ela começou a rir do meu tom de voz, mas parou do nada.
— Tô com frio — ela disse.
— Vem pra cá — sugeri. — Deixo a janela destrancada e você entra. Minha cama tá quente. E eu também.
— Tentador. Mas não seria você que devia fazer isso?
— Você é o homem da relação — respondi.
O que eu disse? 
— Tem cobertor ai?
— Tem eu.
— Como você vai me esquentar?
— Deitando por cima de você.
— Eu disse esquentar, não esmagar.
 Morra congelada. Fique com hipotermia.
— Uhhhh… Toquei no ponto fraco.
— Estúpida.
Ela riu da minha cara por uns cinco minutos.
— Parou? Acabou a graça? Tá satisfeita?
— Não, mas vou parar de rir em respeito a você.
Não respondi.
— Ei. Pietro.
Continuei sem responder.
— Pietro… Vai. Fala comigo. Tô te ouvindo respirar. Faz um barulhão. Parece um aspirador. É que seu nariz é grande. Quase
Eu ri baixo.
— Olha aí. Tá até rindo. Fala comigo.
Não respondi.
— Tá. Eu vou desligar, então. Um… Dois… Dois e meio…
— Oi.
— Parou o drama?
— Vai dormir.
— Olha que eu vou mesmo. Já são cinco da manhã — ela bocejou.
— Dorme, então.
— Tá bom.
— Vai mesmo?
— Você tá praticamente me expulsando.
— Do que? Telefone?
— Boa noite, Pietro. 
— Boa noite, Alice.
Mas nenhum de nós desligou o telefone. Fiquei a ouvindo respirar e se mexer na cama.
— Não vai desligar? — perguntei;
— Não.
— Por que não?
— Porque quando sou eu quem desliga eu sinto que tô te rejeitando.
— A coisa que você mais ama no mundo é me rejeitar.
— Verdade. Mas só quando é de propósito e de um jeito bem cruel.
Eu ri.
— Quer que eu desligue? — perguntei.

— Não…
— Por que não?
— Porque quando você desliga eu me sinto rejeitada.
Sorri.
— Eu não te rejeitaria. O que você quer?
— Não sei — ela respondeu, toda sonolenta.
— Quer que eu deixe o telefone ligado, então?
— Vai me ouvir dormir? — ela me zoou.
— Não sei… Vou?
— Isso é bem gay, até pra você, só pra tu saber…
— Tudo é bem gay pra você, Alice.
— É. Boa noite.
— Dorme bem — eu disse.
— Dorme bem você também.
— E sonha comigo.
— Escolhe só uma das duas coisas.
Eu sorri.
— Beijo na boca.
— Chupão no pescoço.
— Apertão na coxa.
— Hm…
Ouvi ela revirar na cama, se mexer, tossir, suspirar, fazer barulhos com a boca e depois de um tempo, só sobrou a respiração lenta.
— Alice — eu falei depois de uns 15 minutos de respiração, mas só porque tive a certeza que ela já tinha dormido. 
— Sabe, eu conclui que, depois de pensar e analisar os fatos… Rever a situação… Que, talvez, quem sabe, sei lá… Eu possa estar… Remotamente me apaixonando por você. Não apaixonado. Em processo de apaixonar. Mas não é certeza. Só tenho essa sensação às vezes. Talvez passe amanhã, mas acho que não.
“Tic”.”
~ Oh, Alice, are you in love with me too? Pietro da Alice

Vitor Danúbio




quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

E andaríamos sempre de mãos dadas...


Eu e você correndo por dentro de casa, brincando de pega-pega ou esconde-esconde. Eu com pantufa de ursinho e você com pantufa de coelhinho. Eu perturbando você de todos os jeitos possíveis. Puxando seu cabelo, mordendo sua bochecha, colocando a mão gelada em você, falando da sua roupa. Nós dois dentro do armário de roupas, trancados, contando segredos. Teríamos uma mesa de de sinuca na sala e nossa cama seria um colchão no chão. Queimaríamos panelas tentando cozinhar, talvez botássemos fogo na cozinha e acabássemos pedindo pizza e comendo sentados no chão da sala enquanto jogamos vídeo game. Se ficássemos entediados, pegaríamos a lista telefônica e passaríamos trote em algum desconhecido ou apertaríamos a campainha do vizinho e sairíamos correndo. Você me contaria todas as partes do seu dia, quando chegasse em casa, eu ouviria enquanto brinco com as suas mãos e pediria detalhes, mesmo que não me interessasse, só pra ouvir sua voz. Iríamos ao supermercado juntos, e você ficaria deslizando com o carrinho pra cá e pra lá ao invés de fazer as compras. Eu fingiria que não te conheço, quando as pessoas olhassem torto pra você. Quando eu estivesse dirigindo  você faria caretas pra tirar minha atenção ou brincaria de bagunçar meu cabelo. Quanto estivesse calor, dormiríamos em uma rede na varanda. Brigaríamos às vezes, pra não cair na rotina. Você me xingaria de todos os palavrões que conhece e eu não conseguiria segurar o riso. Faríamos as pazes com um abraço. Quando a briga fosse pior e demorasse um pouco mais para nos reconciliarmos, eu me trancaria no quarto e ficaria mal. Mas depois você arrumaria uma desculpa pra voltar a falar comigo, e nós conversaríamos horas e horas sobre como-eu-fiquei-mal-sem-falar-com-você. E perceberíamos como somos bobos por sequer pensaremos na possibilidade de perder um ao outro. Sabe aquele meu casaco velho, que você adora? Então, ele teria o seu perfume e não o meu, porque você o usaria mais que eu. E eu nem ligaria, porque ele fica muito melhor em você do que em mim, afinal. Aliás, meu coração tá muito melhor contigo do que jamais esteve comigo ou com outro alguém. Uma hora ou outra você teria crises e diria que tem medo de que eu encontre alguém melhor, e eu passaria horas tentando te fazer entender que não existe ninguém melhor do que você, e que se existisse, eu não trocaria. Vai ser uma linda história de amor-amizade, nós dois sabemos que vai.