quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Saudades é provocante, saudade é judiação



Da ultima vez que recebi uma visita estranha, era o senhor Passado batendo em minha porta para me arrancar algumas lágrimas. Mas hoje não, foi uma visita mais inesperada ainda. Ela chegou e me pegou de surpresa, eu não estava esperando por ela. Estava tranquilamente olhando algumas fotos antigas, de pessoas que não fazem mais parte da minha vida, quando ela me abraçou, tapou a minha boca para que eu não gritasse e começou a tagarelar. Disse que chamava-se Saudade, e que sabia que eu sempre a guardava em meu peito, só para mim, sem mostrá-la a ninguém, mas hoje ela precisou aparecer. Ela começou a me arrancar lágrimas seguidas de lágrimas, por dizer palavras tão sinceras e ao mesmo tempo tão intimas, palavras que só eu tinha acesso. Começou dizendo: “Eu sou aquilo que te dói quando você vê que de nada adianta chorar, as coisas não vão mudar. Eu sou aquilo que te faz sentir-se culpada por essas pessoas das fotografias não estarem mais ao seu lado. Eu sou aquilo, que faz com que sua cabeça doa, de tanto pensar nessas pessoas. Mas calma, eu não sou ruim, eu sou a Saudade, e eu sirvo para algumas coisas boas também”. Fiquei indiguinada com o que eu tinha acabado de ouvir, e a indaguei: “É mesmo, então para que serve?”. E ela com um semblante aparentemente feliz, me respondeu: “Sirvo para te mostrar que um dia você pode perder tudo que tem, e aí eu baterei a sua porta novamente. Sirvo para fazer com que você sinta dores, e consequentemente, dê valor as pessoas que estão à sua volta, com medo de que eu volte a te atormentar”. Ela disse isso e partiu, sem deixar rastros e nem se despediu, olhei em volta e não a encontrei, mas eu sabia que ela continuava presente em meu coração.

1 comentários:

Jessica disse...

Gostei muito do texto!!

Saudade é o que mais sinto nesses dias...

Bjss!

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