sexta-feira, 24 de setembro de 2010



Ela chegou e foi direto para o banho. Não olhou os recados, não verificou as correspondências e não queria saber de e-mail. Abriu a torneira e deixou a água cair em sua pele, agora com leves hematomas roxos, dores internas. Era verdade. Ou era tudo invenção daquela mente martirizada. Chegar a casa já não era um grande alívio. Aquele frio lá fora e a chuva batendo levemente na janela irritava, trazia as lembranças que queria esquecer. A chuva aumentava, até que uma hora a luz acabou. Estava tudo escuro, mas ela não tinha medo… 


Dentro da sua alma já havia estado bem mais apagado do que aquilo. Aquele tipo de vida era discrepante com a vida que sempre sonhou. Ficou na banheira e a água gelada gotejava fortemente em sua cabeça. Não sabe quanto tempo ficou ali, sentindo o nada, perplexa. Encontrar a alma dolorida era difícil. Queria ser escritora, mas não se encontrava. Como pode? Viver a vida dos outros, transcrever sentimentos alheios e não entender a si própria? 


No banho, era como lavar-se por dentro e por fora. Essa vida que é um tornado e às vezes vem assim tão mansinha. Mas parecia bicicleta sem rodinha e que ela não sabia nem como guiar, demora até demais pra recuperar o equilíbrio. Mas sabia, ah ela sabia, que isso ia virar lembrança, cada lágrima iria virar um grão de areia nesse mundo imenso que parece uma ampulheta e que cada momento é ínfimo. Doía e ela nem perguntava, nem questionava.. É só que não precisava cantar o que a fura por aí.. E ela, sem nenhuma expectativa começou a rezar. Porque não conseguiria sozinha e se não tivesse fé em um ser maior, não adiantaria. Ninguém ajuda, só Deus te ajuda. Nessa altura do campeonato era redundante dizer que estava tudo bem quando mentia pra todo mundo. A tristeza era só impressão, viver era só impressão.

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