sábado, 13 de agosto de 2011

Calmaria.


Feliz eu não estou. Estou, digamos, feliz. O que parece ser a mesma coisa. Mas o que eu quero dizer é que não estou Feliz, com letra maiúscula, ou então "Feliz!" com ponto de exclamação.
Acabo de perceber que estou isso mesmo: feliz. Na minha. Tranquila.
 

Pois é, voltei ao normal. Ao meu normal, é bom que se diga. Acordo de mau humor, chego atrasada, tomo Coca light no café da manhã... Tudo voltou a ser do jeito que é. E eu acho isso uma delícia porque é menos cansativo, sabe? É bem mais fácil ser eu mesma quando não estou com ninguém por perto. Ninguém importante, que me faça disparar o coração. Até porque quando isso acontece não rola ser eu mesma. Tenho até medo de falar pro carinha que escrevo no blog e ele dar no pé por perceber que eu tenho mil dilemas e sou carente.
Mas no momento, estou na minha. O mundo se acabando em crise financeira e aquecimento global e eu na minha, calma. Calma do meu jeito peculiar. Nossa! Como é bom isso! Como é bom ter defeitos, ser paranóica, ciumenta, ter insônia, tomar um Rivotril pra acabar com a insônia.
Essa paz estava me fazendo falta. O bom do fim de uma paixão é essa calmaria que fica em mim.
Ok, pé na bunda dói, ninguém gosta, mas tem o lado bom de ficar sozinha: eu fico na paz, me preocupo menos com o que pensam (na verdade, com o que ele pensa,né?) de mim, que tipo de música eu devo gostar, qual programa devo assistir.
No final de semana passado eu já estava assim, só que não sabia e pensei que estava triste, na verdade estava do meu jeito. Sem alegria forçada. Viva a melancolia! Eu sou assim: sou melancólica, não tenho talento pra alegria, sou séria. E agora eu posso ser tudo isso porque não tem ninguém (importante) comigo.
Sexta-feira comprei uns livros que jamais compraria perto de alguém (dele). E foi bom pra caramba estar sozinha e ler umas páginas e poder chorar horrores, soluçar um monte. O livro era triste, dolorido. Na verdade, era um clichê danado, mas um clichê que tocou meu coração e me fez pensar na minha irmã, nas minhas amigas. Em como eu amo cada uma delas e como eu faria sacrifícios por elas e... ah, essas coisas de mulher. Amizade verdadeira de mulher é coisa que dispensa (por não haver, talvez) explicação. E como eu chorei. E chorei à vontade, sem medo de ficar com olheiras no dia seguinte.
Essas coisas a gente não faz quando está com alguém, pelo menos eu não o deixaria me ver com os olhos inchados e ainda me explicar "este livro é tão bonito...". No mínimo, eu inventaria uma outra desculpa. Até parece que eu ia deixá-lo me vir chorando por causa de um livro, até parece.
Mas como ele não está, eu posso chorar a hora que quiser. E posso também rir. Ou então ficar quieta porque não estou a fim de falar. Eu sou meio esquisita assim mesmo, viu? Não é toda hora que tenho vontade de conversar. E como eu acho isso uma esquisitice tamanha, sempre tento mudar. Mudar pra ele. Só que tenho de ficar me policiando, me vigiando: são tantas esquisitices que não é brincadeira. Ou seja, quando ele está eu quero sempre ser diferente, ser melhor, mais legal, mais inteligente, mais normal. Acabo cansada toda vez que me apaixono. Dá um trabalho incrível fingir que sou uma garota normal, que não pensa o tempo todo em tudo.
Sim, eu finjo o tempo todo quando estou apaixonada porque só um louco iria se interessar por uma esquisita como eu, né? É automático isso: me apaixono e começa uma encenação sem fim. Até que, por um motivo ou outro (ou eu ou ele se manda, por exemplo), a paixão acaba e eu caio em mim: posso ser eu mesma. O engraçado é que logo que isso acontece, olho pra ele de um jeito diferente e penso : como pude me apaixonar por um cara tão... tão... tão esquisito?

Texto de Aline Gouveia mais 'totalmente meu'.


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